A pergunta da qual o mercado fugia vem à tona: e se os juros americanos não caírem neste ano?
O ano de 2024 até agora parece não ter começado para o mercado financeiro, especialmente no que diz respeito às expectativas de flexibilização monetária nas principais economias, como os Estados Unidos e os países da Europa. Inicialmente, a previsão era de que essas economias começariam a reduzir suas taxas de juros, o que favoreceria o enfraquecimento do dólar e impulsionaria a bolsa de valores brasileira.
No entanto, estamos em abril e essa perspectiva não se concretizou. Pelo contrário, a cada novo dado econômico dos Estados Unidos, a ideia de uma flexibilização monetária parece mais distante. A inflação nos EUA tem se mantido elevada, apesar das taxas de juros estarem em níveis altos.
A possibilidade de os juros nos EUA não caírem durante o ano começou a ser considerada, o que afeta diretamente os mercados periféricos, como o do Brasil. O adiamento da redução das taxas de juros nos EUA já teve um impacto negativo na bolsa brasileira e na cotação do câmbio.
“O risco de o Fed elevar as taxas de juros é baixo, mas não é zero. Só que acredito que deve haver um choque inflacionário para essa hipótese entrar em cena. Hoje, os membros votantes mais próximos da mediana no comitê falam em esperar mais tempo para cortar os juros após os primeiros sinais de desaceleração da alta dos preços”, opina nosso Luís Fernando Cezario, nosso economista-chefe.
Com essa mudança de cenário, as projeções para a taxa de juros brasileira também foram revisadas, sugerindo que a taxa Selic possa permanecer acima dos 9%, possivelmente chegando aos 10%. Isso pode levar o Banco Central do Brasil a agir para conter a fuga de dólares do país.
Além disso, o dólar mais forte pode gerar pressões inflacionárias no Brasil, o que poderia manter a taxa de juros elevada por mais tempo. Essa situação tem impacto não apenas no mercado de capitais, mas também na economia como um todo, especialmente no repasse do aumento dos preços das matérias-primas importadas para o consumidor final.