Trump e sinais de desaceleração pressionam Ibovespa
Os sinais de desaceleração da economia brasileira, somados à escalada da guerra comercial, pressionaram os ativos locais. O Ibovespa fechou em queda pelo sexto dia consecutivo, enquanto o dólar avançou e se aproximou dos R$ 5,60.
Após o anúncio das tarifas de 50% pelo presidente Donald Trump sobre produtos brasileiros, e a imposição de 30% para outros parceiros como União Europeia e México, o mercado interno reagiu com queda nos índices e saída de recursos estrangeiros, enquanto bolsas globais mostraram leve alta, interpretando as tarifas como uma tática de negociação.
No Brasil, a forte queda de 0,74% do IBC-Br em maio, superando expectativas, indica desaceleração econômica e pressiona o real, mesmo com uma ligeira redução dos juros de curto prazo.
Para o nosso gestor de renda variável e moedas, Pedro Carneiro, a postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem prejudicado, ao menos até este momento, a possibilidade de algum diálogo maior com os EUA e se soma ao posicionamento técnico ‘esticado’ do real, o que pode intensificar uma correção no curto prazo.
Nas últimas semanas, antes do ‘tarifaço’, diversas casas estrangeiras e locais aumentaram a alocação no real e passaram a projetar o dólar em níveis mais baixos no fim do ano, diante da avaliação de que a moeda brasileira ainda estava barata e poderia se favorecer do diferencial de juros elevado.
Carneiro observa, ainda, que o episódio envolvendo as tarifas pode beneficiar a popularidade de Lula nas próximas semanas, embora não acredite que esse efeito se mantenha de forma ininterrupta até a eleição do próximo ano.
Com o cenário incerto, investidores seguem cautelosos, com redução da exposição a ações mais cíclicas e saída de recursos estrangeiros, refletindo a expectativa de maior demora nos cortes da Selic e a piora da posição geopolítica do país.