Ata do Copom elimina dúvidas sobre juros
A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada hoje eliminou ambiguidades do último comunicado do Banco Central, reforçando a necessidade de um aperto monetário adicional. O documento deixou claro que o aumento de 1 ponto na Selic, decidido na última reunião, foi apenas um passo dentro do cenário atual, afastando interpretações de um possível alívio nos juros.
O mercado reagiu ajustando as expectativas para as taxas futuras, com oscilações nos prazos médios e longos. Enquanto os contratos de curto prazo seguem refletindo as apostas sobre a Selic, os de vencimentos mais distantes demonstram preocupações com o risco fiscal.
Luis Cezário, nosso economista-chefe, avaliou a comunicação do Copom como equilibrada, destacando que o comitê buscou dissipar a ideia de uma mudança brusca na política monetária:
“Com a preocupação de desfazer a percepção de parte do mercado de que a inclusão do risco de uma desaceleração mais acentuada da atividade como um risco baixista para a inflação seria um sinal que o comitê estaria preparando uma guinada mais dovish [inclinada para alívio nos juros] para a política monetária.”
O documento aponta sinais iniciais de desaceleração em setores sensíveis ao crédito, mas considera prematuro tirar conclusões definitivas. Segundo Cezário:
“A ata reforçou que o cenário-base do Copom contempla uma desaceleração da economia e que isso é necessário para a redução da inflação. Mesmo assim, o comitê esclareceu que não vê evidências de desaceleração abrupta e que o balanço de riscos para a inflação segue assimétrico para cima.”
Em resumo, a ata reafirma a postura cautelosa do Copom, sinalizando que o combate à inflação segue como prioridade, sem indicar flexibilização da política monetária no curto prazo.